Travesti fica desfigurada após ser presa em SP
Jornalistas Livres
Mais um espetáculo de barbárie em São Paulo. Desta vez, patrocinado, dirigido e fotografado pela Polícia. Com o apoio –pasme!– da coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo
A travesti Verônica Bolina foi presa no domingo passado, dia 12, acusada de agredir uma vizinha de seu prédio. Na delegacia, foi torturada e espancada, teve os cabelos cortados e as roupas rasgadas.
Fotos de Verônica com seios e nádegas à mostra se espalharam rapidamente pelas redes sociais. O rosto desfigurado pelos golpes sofridos aparece em uma das fotos. Em outra, Verônica surge acorrentada pelos pés, os braços algemados nas costas, imobilizada, jogada no chão, como um animal no abatedouro.
Em legítima defesa contra as agressões, Verônica, que deveria estar algemada, mordeu a orelha do carcereiro.
Mas, numa sinistra inversão de sentido, o agressor se tornou a vítima nas matérias de internet.
Me engana, vai!
Qualquer estudante de primeiro ano de Direito sabe que a segurança de uma pessoa colocada sob a custódia do Estado é responsabilidade exclusiva do Poder Público
O corpo exposto de uma travesti com o rosto deformado pela tortura policial não sensibilizou a imprensa tradicional, que deve ter achado pouco a imagem sofrida de Verônica.
Mas o Estado de São Paulo sabe da gravidade da situação e até mobilizou a coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, Heloísa Alves, para tentar livrar a cara dos policiais.
Contra todas as evidências, Heloísa Alves teve o desplante de declarar o que segue: “O meu objetivo como coordenação foi vir à delegacia, ver se a Verônica estava com a integridade física dela garantida, e ela está”.
Para reforçar o circo armado, a coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo pediu a Verônica –depois de ela experimentar as agressões que a deformaram, e ainda estando presa (portanto sob forte coação), a gravar um áudio sobre o que lhe teria ocorrido.
Nele, Verônica diz: “Todo mundo está achando que eu fui torturada pela polícia, mas eu não fui. Eu simplesmente agi de uma maneira que eu achava que estava possuída, agredi os policiais, eles só agiram com o trabalho deles. Não teve agressão de tortura. Cada ação tem uma reação, eu agredi e fui agredida. Eles tiveram que usar das leis deles para me conter, então não teve de nenhuma forma tortura. Eu só fui contida, não fui torturada”.
Agora, olhe as fotos com o antes e o depois de Verônica se encontrar com a polícia. Foi para contê-la que os policiais cortaram-lhe o cabelo –ou permitiram que isso se fizesse? Foi para contê-la que a fotografaram no chão, quase desnuda, humilhada com um animal? Ou foi para destruir um ser humano em toda a sua dignidade?
É uma vergonha que a coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo,Heloísa Alves, se preste a esse papel de acobertamento das responsabilidades da polícia em mais um ataque covarde a uma das parcelas mais vulneráveis da sociedade.
Punição para os torturadores!
Pela apuração exemplar das agressões contra a travesti Verônica!
Atenção para o áudio: https://www.youtube.com/watch?v=Mq-yP3oiDDA