Próteses de silicone voltadas para público masculino invadem as clínicas

A febre das próteses de silicones ganhou espaço no mundo todo, mas principalmente no Brasil, entre o final dos anos 90 e início dos anos 2000, ao preencher os seios e os bumbuns femininos. Neste período, os homens também já vinham se utilizando das mudanças estéticas proporcionadas pelo uso da prótese. A novidade é que o número de adeptos vem ganhando força e, só no último ano, a procura nas clínicas de estética aumentou em torno de 25%, principalmente entre os jovens de 20 a 30 anos.

É o que garante o cirurgião plástico Wandemberg Barbosa, membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e do corpo médico de hospitais renomados como o Albert Einstein e o HCor, em São Paulo. “A necessidade de se mostrar bem está aumentando e a procura vem principalmente entre os que não gostam muito de malhar. Gente que não tem uma formação de músculos muito exuberante. Alguns têm até complexo”, conta o especialista.

E a procura maior pelos homens provocou uma mudança no mercado: as indústrias que fabricam os implantes agora desenvolveram formatos específicos para o corpo masculino em praticamente todos os grupos musculares. Até para abdome trincado há próteses específicas. Há ainda implantes especiais para panturrilha e coxas. Só para peitoral (de homens, veja bem) há quatro tamanhos.

Entre as regiões mais procuradas para a aplicação de próteses de silicone pelos homens estão o peitoral, bíceps, tríceps, coxa, glúteos e até a panturrilha, além de soropositivos que sofrem lipodistrofia (uma atrofia dos músculos do corpo) e buscam preenchimento. No geral, o cirurgião explica que as próteses são as mesmas aplicadas no corpo feminino, com um pouco mais de resistência, principalmente no caso dos glúteos.

“Mas para passar pelo procedimento é preciso se submeter a uma série de exames pré-operatórios que irão avaliar o real estado de saúde do paciente, incluindo hemograma, eletrocardiograma. Pacientes com doenças em atividade, problemas renais ou cardíacos não são permitidos. Também é preciso informar se é usuário de drogas e não é permitido tomar aspirina em até sete dias antes do procedimento”, alerta o cirurgião.

Passando desta fase, vem a etapa da cirurgia cuja duração depende da quantidade de próteses escolhidas pelo paciente. Em média, elas duram entre duas horas e meia e três horas, exceto os glúteos, que exigem duas horas só para ele. Entre sete e dez dias, já é possível retomar atividades cotidianas e, após trinta dias, dá para voltar a academia. A cicatriz é bem discreta.

“O pós-operatório costuma ser tranquilo. O paciente usa uma malha elástica na região e não pode fazer esforço nos primeiros dias. Os glúteos pedem uma atenção especial. Tem que ficar de bruços durante uma semana e pode ocorrer contaminação pela proximidade com o ânus, mas são casos mínimos”, garante Wandemberg.

As próteses de silicone tem um prazo médio de validade de dez a doze anos e, apesar do especialista preferir não revelar os valores dos procedimentos, numa pesquisa de mercado, a aplicação de silicone no peitoral custa de R$ 10 a R$ 12 mil, nos bíceps e tríceps, o mesmo valor, e nos glúteos, em torno de R$ 15 mil.

O cirurgião plástico garante que a aplicação das próteses é um procedimento seguro, mas que só deve ser feito por profissionais que tenham boas referências, preferencialmente credenciados na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.