Militante do Rede, de Marina Silva, aproveita evento anti-gay para coletar assinaturas
Estadão
Com cerca de 448 mil assinaturas já coletadas, o Rede Sustentabilidade, partido criado por Marina Silva, tem corrido atrás de apoiadores. Para sair do papel, a legenda precisa obter pelo menos 500 mil nomes de pessoas que apoiam a ideia. Além de depender de simpáticos à causa, que têm se esforçado para conseguir cumprir a meta, a legenda ainda aguarda decisão favorável do Supremo sobre a possibilidade, ou não, da criação de novos partidos. A sigla está programando para o próximo dia 15 uma série de eventos por todo o Brasil para conseguir atingir a meta. Nessa quarta-feira, um militante foi flagrado colhendo assinaturas em uma manifestação “anti-gay” convocada por pastores e liderada por Silas Malafaia, que tinha por objetivo combater a união homoafetiva e defender a liberdade religiosa.
De acordo com o “Blog do Fernando Rodrigues”, o militante aproveitou a concentração de cerca de 40 mil pessoas, para conseguir assinaturas. O rapaz, identificado pelo blog como Ivan, conseguiu coletar aproximadamente 50 nomes para apoiar o #Rede Sustentabilidade. Ele ainda lamentou não ter mais apoiadores participando do ato, o que poderia elevar o número.
Recentemente, Marina Silva foi bastante criticada após ter sido acusada de apoiar Feliciano. Em uma palestra na Universidade Católica de Pernambuco, ela teria dito: “Não gosto como este debate vem sendo conduzido (legalização do aborto e casamento gay). Hoje, se tenta eliminar o preconceito contra gays substituindo por um preconceito contra religiosos”. A repercussão negativa, principalmente nas redes sociais, fez a equipe de Marina publicar um vídeo na página oficial da ex-ministra do Meio Ambiente no Facebook, em que ela explica suas posições. “Se por ventura Feliciano fosse ateu, eu não gostaria de dizer que as posições equivocadas dele são porque era ateu”, disse
Sobre Feliciano, Marina chegou a afirmar que acredita que o pastor é despreparado para lidar com alguns dos temas de responsabilidade da Comissão de Direitos Humanos, citando a causa indígena e os desaparecidos políticos. “Os pontos que eu pontuo sobre o despreparo, ninguém coloca. Como vão diluindo as críticas no aspecto religioso, isso prejudica o mérito da questão, que são as posições equivocadas, não só as do comportamento
Sobre a participação do militante do Rede no ato “anti-gay”, a assessoria da legenda afirmou que o evento “não fez parte dos mutirões que são convocados por meio do site”. Mas, afirmou que a coleta de assinatura acontecesse “de forma descentralizada e autoral”. Ainda na nota, o Rede reafirmou que defende o “equilíbrio de gênero e repúdio a todas as formas de discriminação”.
Principal organizador do evento, o pastor Silas Malafaia foi quem falou por mais tempo e fez o discurso com mais ataques aos “adversários” dos evangélicos. Ele começou com diversas críticas ao que chamou de “ativismo gay”, em referência ao movimento LGBT.
“O crime de opinião foi extinto e o ativismo gay quer dizer que a minha opinião sobre a união homoafetiva é crime. Nos chamam de fundamentalistas, mas eles são fundamentalistas do lixo moral, o ativismo gay é o fundamentalismo do lixo moral”, afirmou Malafaia. “Tentam comparar com racismo, mas raça é condição, não se pede para ser negro, moreno ou branco. Homossexualidade é comportamento. Ninguém nasce homossexual”, complementou.
O evento ainda contou com a presença do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minoria da Câmara dos Deputados, pastor Marco Feliciano (PSC). Em discurso, ele afirmou que espera que o Brasil eleja um presidente evangélico.