Congresso Nacional eleito é o mais conservador desde 1964

Estadão

Apesar das manifestações de junho de 2013 – carregadas com o simbolismo de um movimento popular por renovação política e avanço nos direitos sociais – o resultado das eleições do último domingo (05) revelou uma guinada em outra direção.

Parlamentares conservadores se consolidaram como maioria na eleição da Câmara, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

A reportagem é de Nivaldo Souza e Bernardo Caram, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta terça-feira (07).

O aumento de militares, religiosos, ruralistas e outros segmentos mais identificados com o conservadorismo refletem, segundo o diretor do Diap, Antônio Augusto Queiroz, esse novo status.

“O novo Congresso é, seguramente, o mais conservador do período pós-1964”, afirma.

Ele acredita que a tensão criada pelo debate de pautas como a legalização do casamento gay e a descriminalização do aborto deve se acirrar no Congresso, agora com menos influência de mediadores tradicionais, que não conseguiram de reeleger.

O levantamento do Diap mostra que o número de deputados ligados a causas sociais caiu, drasticamente, embora os números totais ainda estejam sendo calculados.

A proporção da frente sindical também foi reduzida quase à metade: de 83 para 46 parlamentares.
Junto com a redução desses grupos, o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização das drogas – temas que permearam os debates no primeiro turno da disputa presidencial – têm poucas chances de serem abordados pelo Congresso eleito, que tomará posse em fevereiro de 2015.

Parte consistente do conservadorismo, segundo Queiroz, virá da bancada evangélica.

Ele estima que o número de religiosos desta corrente deve crescer em relação aos 70 deputados eleitos em 2010.
Entre essas lideranças, o Diap já identificou 40 bispos e pastores.