AMLGBT lança tema da Parada LGBT de Maringá pedindo cidade mais colorida e sem transfobia

A AMLGBT (Associação Maringaense de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) lançou hoje o tema da III Parada LGBT de Maringá que acontece neste final de semana.

“Por uma Maringá mais colorida e sem transfobia” pede a aprovação da Lei de Identidade de Gêneros, conhecida como Lei João Nery, que permitirá que transexuais mudem de gênero e legalmente, sem a necessidade de ação judicial.

“Muita gente não consegue nem trabalhar porque não tem a documentação. Nós pagamos os mesmos impostos que todo mundo e não temos direito a nada. O resultado é que muitos acabam caindo na prostituição”, diz João Nery (foto), que dá nome ao projeto de lei dos deputados federais Jean Wyllys (PSOL) e Erika Kokay (PT).

Autor do livro Viagem Solitária, ele assumiu sua identidade masculina, em 1977, 20 anos antes de a cirurgia de mudança de sexo ser legalizada no País. É o primeiro transexual masculino do Brasil.

“Há pessoas que não existem nos registros públicos e em alguns documentos, e há outras pessoas que só existem nos registros públicos e em alguns documentos. E umas e outras batem de frente no dia a dia em diversas situações que criam constrangimento, problemas, negação de direitos fundamentais e uma constante e desnecessária humilhação”, diz a justificativa do projeto de lei, ainda em tramitação no Congresso.

Sofrendo mais com o preconceito e a discriminação do que os gays e as lésbicas, transexuais são “pessoas que não existem socialmente”, segundo a psicanalista Edith Modesto, coordenadora do curso de extensão da USP Diversidade de Orientações Sexuais e Identidades de Gênero. “O que vigora na sociedade é que eles são homossexuais mais negativos.”

O próprio conceito de transexual se confunde com o de travesti, pois uma pessoa pode ser transexual mesmo sem ter feito a cirurgia de transgenitalização – transexuais preferem essa expressão pois consideram que o sexo não se reduz à genitália. “Quem se sente do gênero contrário é transexual. Travesti não se sente inteiramente homem nem mulher. É preconceito acreditar que, para ser transexual, é preciso passar por uma cirurgia”, afirma Edith.

A AMLGBT pede também a implementação de um Centro de Pesquisa e Atendimento para Travestis e Transexuais (CPATT) em Maringá e do projeto Escola Sem Homofobia, que foi aprovado pela Câmara de Maringá em 2010 mas nunca saiu do papel.