Petição quer evitar que pastor acusado de homofobia assuma Comissão dos Direitos Humanos
A possibilidade de que um deputado ligado a setores da igreja evangélica assuma a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara causou revolta nas redes sociais nesta sexta-feira, segundo informações do Terra.
Acusado de homofobia e racismo por comentários feitos no Twitter em 2011, o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) é um dos cotados para presidir a comissão, que está reservada para seu partido. Diante deste cenário, ativistas organizaram uma petição online exigindo a destituição do pastor do cargo, caso seja efetivamente escolhido.
O PSC deve indicar o escolhido apenas na próxima terça-feira, mas o nome de Feliciano, vice-líder da bancada do partido, circula nas redes sociais como um mais cotados para assumir o posto. Às 19h desta sexta-feira, a petição online contra a presença do pastor na presidência da comissão registrava mais de 24 mil assinaturas.
Em 2011, Pastor Marco Feliciano foi acusado de ser racista após postar uma mensagem no Twitter. No texto, o deputado afirmava que “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato”. Posteriormente, Feliciano afirmou em seu site que não é racista, mas “brasileiro com um sangue miscigenado, por africanos, índios e europeus”. Com relação à suposta maldição de Noé, ele citou trechos da Bíblia e afirmou que “Noé amaldiçoa o descendente de Cão, ou seja, toda a sua descendência”. Em seguida, ele citou um historiador hebreu, Flavio Josefo, e disse que dentre os descendentes de Cão estão os africanos, também amaldiçoados. No entanto, ele afirmou que “milhares de africanos têm devotado sua vida a Deus e por isso o peso da maldição tem sido retirado”.
Nesta sexta-feira, o deputado voltou a usar o Twitter para rebater os ataques que vem recebendo. “Nunca me passou pela cabeça presidir a Comissão de Direitos Humanos, mas agora com tanto ataque, deu até vontade”, disse o pastor. “Nos acordos firmados e partilhas efetuadas pela proporcionalidade, coube ao PSC a Comissão de Direitos Humanos. O PSC, que traz em sua sigla a marca da sua fé. Uma fé que sabe o que é segregação, perseguição e preconceito, atuará com dignidade”, discursou no microblog.
“O PSC tem a marca da proteção da família, é contra o aborto, que é uma violação contra os direitos humanos. As minorias reais, ou seja, aquelas que não têm vez e nem voz, e que buscam direitos e não privilégios, terão nosso apoio incondicional. Os índios, os negros, os quilombolas, as mulheres, todos os credos, os injustiçados, sejam homo ou héteros, serão abraçados pela comissão. O PSC tem compromisso com a democracia em sua plenitude, mas não abre mão de sua ideologia cristã, a mais inclusiva de todas as filosofias”, completou.
O deputado se disse vítima de uma campanha difamatória por parte de ativistas dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais (LGBT). “Os ativistas gays (estão) desesperados pela possibilidade do meu partido PSC assumir a Comissão de Direitos Humanos. Acalmem-se. Vai dar tudo certo. Eu já havia feito esta denúncia de que os ativistas gays tomaram posse da Comissão de Direitos Humanos, e por lá fazem o que querem. (…) A arte maligna dos ativistas, herança fascista, denegrir a imagem de alguém pra que este não seja respeitado. Estão amedrontados”, disparou.
Segundo Feliciano, o partido está sofrendo pressões dentro da Câmara para que ele não seja indicado. “Olhem a trama, mais de 10 parlamentares que foram membros dessa comissão ligaram para o líder do PSC pedindo para que eu não assuma a comissão”, tuitou. Como forma de contra-atacar, partidários de Feliciano lançaram uma segunda petição em que se manifestam a favor de que o deputado seja o presidente da comissão. Até as 19h, porém, a petição pró-Feliciano tinha coletado apenas 370 assinaturas.