Para proteger a família, vereador de Maringá quer impedir que meninos usem roupa rosa
Luiz Modesto
Segue para apreciação na Câmara Municipal de Maringá o Projeto de Lei que institui o Plano Municipal de Educação. Dentre as tantas diretrizes aprovadas em conferência pela população, está a que sugere uma ferramenta de enfrentamento ao machismo e a violência de gênero e orientação sexual.
Abominada pelos religiosos fundamentalistas e odiada por aqueles que querem que as mulheres sigam submissas e que os homens cumpram seu papel de mandatários, a chamada “ideologia de gênero” tem mobilizado esforços do vereador maringaense e evangelista da Assembleia de Deus, Luciano Brito (PSB), para uma cruzada anti o anti-machismo.
Basicamente, Brito teme em seus pesadelos a subversão da lógica predominante do patriarcado, do macho dominador, da concepção de que a homossexualidade é abominável. Sua jihad mais atual é pela manutenção das máximas:
Meninos brincam de bola e vestem azul, meninas brincam de bonecas e usam rosa;
Homens trabalham, mulheres trabalham, cuidam da casa e das crianças;
Meninos aprendem que homem não chora, meninas, que são o sexo frágil;
Homens são os provedores do lar, mulheres, suas submissas;
Quando se tem pulso firme, age como macho, já o afeto, coisa de mulherzinha;
Curar a sociedade do machismo e da violência contra a mulher ou o ódio contra quem tenha orientação sexual que não a heterossexual está posta na brilhante diretriz do Plano Municipal de Educação: começar a ensinar aos pequenos que somos iguais, que o menino não precisa reprimir seus sentimentos e que as meninas não devem se sentir menores, que o campo de futebol e a boleia do caminhão podem não ser só dos meninos, e que cozinhar e costurar, de longe, não faz com que o pipi atrofie.
Esta não é a primeira guerra santa de Luciano Brito. Em abril de 2013, o vereador encaminhou Projeto de Lei à Câmara de Maringá destinando 50 mil reais para a Marcha para Jesus. Sob pressão popular, pastores e líderes evangélicos acharam que não era necessário, e Brito declinou. No mesmo período, Brito pleiteou e obteve êxito na isenção de Impostos sobre a Propriedade Predial Urbana de “templos de qualquer culto, inclusive terrenos vazios, casas pastorais, salas, salões paroquiais, próprios ou alugados; as entidades de caráter religioso” e “associações e fundações de utilidade pública municipal”, uma verdadeira dádiva dos deuses aos empreendedores da fé local. No mesmo ano, o assembleiano vereador propôs uma Lei que obrigava a municipalidade adquirir bíblias em braile (só bíblias), para as bibliotecas públicas de Maringá.
Houve uma tentativa da Associação Maringaense de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (AMLGBT), de criar o Programa Escola Sem Homofobia já em 2010. Luciano foi contra. Vereadores aprovaram. O adventista Silvio Barros, prefeito de então, vetou. Luciano comemorou. Vereadores derrubaram o veto. Lei aprovada e, para o suspiro aliviado de Brito, engavetada até hoje num cantinho da sala do prefeito Carlos Puppin (PP). O Deus de Brito operou um milagre às avessas, tornou letra morta uma lei recém-nascida.
Sobre o Plano Municipal de Educação, o vereador assembleiano tem atacado ferozmente a diretriz educacional dando ares de que, com sua implantação, será o fim da família, da moral e dos bons costumes. De fato, Brito não faz mais que replicar o estratagema midiático que seus companheiros de fé, Marco Feliciano, Magno Malta e Silas Malafaia tem feito na Câmara dos Deputados, no púlpito de suas desoneradas igrejas, em seus programas de televisão ou redes sociais. A estratégia é manter vivo um inimigo (mesmo que imaginário) para que se justifique o sufrágio e o óbulo do aterrorizado fiel.
Ao fim e ao cabo, temos cá nosso próprio Bolsonaro pé vermelho, anti o anti-obscurantismo, anti os anti-segregação, pela fé no altíssimo e pela necessidade cada vez maior de projetos mesquinhos para jogar para a torcida dizer um amém bem forte. Amém?
Aos interessados em uma contra-ofensiva ao levante da resistência do representante da moral e dos bons costumes, sugiro entrar em contato com os demais vereadores pedindo para que se mantenha a diretriz de combate ao machismo e a homofobia no Plano Municipal de Educação de Maringá, assim como veio ao mundo, aprovada em conferência pública, e acompanhar a sessão desta terça-feira, à partir das 19 horas, na Câmara de Vereadores de Maringá. Sugiro também não ceder ao ímpeto de tentar contra-atacar nas redes sociais de Brito ou de seus confrades – é dispender energia desnecessariamente e dar margem para que os mesmos se vitimizem (vai que a próxima cruzada seja um projeto que criminalize a divergência de opiniões em Maringá? Melhor não correr o risco).
Segue contatos dos vereadores:
Jones Dark
e-mail: jonesdark@cmm.pr.gov.br
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Edson Luiz
e-mail: edsonluiz@cmm.pr.gov.br
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Chico Caiana
e-mail: chicocaiana@cmm.pr.gov.br
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Luiz Pereira
e-mail: luizpereira@cmm.pr.gov.br
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Da Silva
e-mail: dasilva@cmm.pr.gov.br
Facebook:
Bravin
e-mail: bravin@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/belinobravin.filho
Dr Manoel
e-mail: manoel@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/ManoelSobrinho1
Flávio Vicente
e-mail: flaviovicente@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/fgvicente
Humberto Henrique
e-mail: humberto@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/humbertohenriq
Luizinho Gari
e-mail: luizinhogari@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/luis.steinledearaujo
Márcia Socreppa
e-mail: marciasocreppa@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/marciasocreppa54
Mário Verri:
e-mail: marioverri@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/mario.verri.5
Ulísses Maia
e-mail: ulissesmaia@cmm.pr.gov.br
Facebook: facebook.com/ulisses.maia
Dr Sabóia
e-mail: drsaboia@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/carloseduardo.saboia
Odair Foqueteiro
e-mail: odairfogueteiro@cmm.pr.gov.br
Facebook: https://www.facebook.com/odairfogueteiro
