Para ONU, combate à Aids é ameaçado por conservadorismo latino-americano

Autoridades da Unaids, programa das Nações Unidas para o combate do HIV/Aids, informaram, na última quarta-feira, 18 de julho, que a América Latina e o Caribe estão com a epidemia da AIDS sob controle, no entanto uma onda de conservadorismo ameaça os esforços para prevenir a propagação do vírus.

“A América Latina mantém uma epidemia relativamente estabilizada, avançou em relação ao tratamento” dos doentes, disse Pedro Chequer, coordenador da Unaids no Brasil. “Contudo, há restrições ao acesso de preservativos, por exemplo, na escola, os grupos conservadores religiosos, católicos e não católicos, consideram a distribuição de preservativos como algo inadequado do ponto de vista moral e religioso”, explicou.

Devido ao maior acesso ao tratamento antirretroviral, em destaque pelo papel do Brasil no processo de ampliação da cobertura do tratamento, a AIDS deixou de ser uma “sentença de morte para se transformar em uma condição crônica”, disse Jorge Chediak, coordenador regional da Unaids. Atualmente a região possui quase 70% de cobertura no tratamento, o que contribuiu para reduzir sensivelmente as mortes por causa da doença. O Brasil fabrica metade dos medicamentos utilizados na terapia, distribuindo para países da África e América Latina. Além disso contribui com a distribuição gratuita de meio milhão de camisinhas por ano.

Segundo os representantes da Unaids ainda falta fortalecer as ações contra o estigma e a favor das populações mais vulneráveis.”Na América Latina a epidemia predomina entre gays, transexuais e trabalhadores sexuais, e há uma certa cautela em abordar esse problema de forma direta” por causa desse conservadorismo, destacou o responsável da Unaids. No ano passado, 99 mil pessoas contraíram o HIV na América Latina e Caribe, e cerca de 67 mil morreram por causa da doença.