Nobel da Paz diz que deputados gays deviam sentar-se na última fila

Católico fervoroso, Lech Walesa, que foi agraciado com o Nobel da Paz em 1983, disse numa entrevista na sexta-feira, que os deputados homossexuais da Polónia deveriam sentar-se na última fila do Parlamento ou, pior, não deveriam sequer ter presença na Assembleia uma vez que são uma minoria.

“Sim, [deveriam sentar-se] perto do muro, ou mesmo atrás dele”, disse Walesa, citado pela AFP. “Nós respeitamos a maioria, respeitamos a democracia. A maioria construiu a democracia e ela pertence-lhe. Agora temos uma minoria que caminha sobre a cabeça da maioria”, acrescentou.

As declarações do antigo presidente polaco já provocaram reações por parte de vários sectores da política, incluindo o próprio filho, o eurodeputado pela Plataforma Cívica, de centro-direita, e atualmente no poder. “O que o meu pai disse é errado e prejudicial”, afirmou.

Também Robert Biedron, o único militante homossexual com assento no Parlamento polaco, já reagiu às declarações de Walesa: “Gostaria de encontrar Lech Walesa para que ele pudesse confrontar comigo os seus estereótipos e convicções em relação aos homossexuais, para que não volte a falar da mesma forma, porque isso é segregação”.

Na polémica entrevista, o antigo Nobel da Paz admitiu ainda ser da “velha escola”, garantindo que não pretende mudar. “Sou da velha escola e não penso em mudar. Entendo que há pessoas diferentes, diferentes orientações e que têm direito à sua identidade, mas que não mudem a ordem estabelecida há seculos. Não quero nem ouvir falar nisto”, sustentou.