“Não quero comissão como instrumento de disputa religiosa”, diz novo presidente da CDHM

Eleito nesta quarta-feira presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, o deputado Assis do Couto (PT-PR) disse que trabalhará para combater polarizações. “Não queremos a polarização nem entre grupos internos, nem entre governo e a oposição. Queremos a comissão a serviço da sociedade, cumprindo sua missão defendendo o direito das pessoas mais fragilizadas”, disse o petista. “Queremos a comissão voltada para sua real missão e não como um instrumento de disputa ideológica ou religiosa”, acrescentou ele, segundo informações do iG.

A missão não deverá ser das mais simples, já que a própria eleição de Couto foi marcada por uma profunda polarização expressa por meio de um placar apertado na votação da presidência, com a candidatura avulsa de Jair Bolsonaro (PP-RJ). O placar do pleito foi 10 a 8 em favor do petista. Apenas um voto contrário a Couto poderia levar a eleição noutra direção. “Não esperava que tivesse votação. Tem uma tradição de acordar as presidências das comissões pelas bancadas”, admitiu Couto. “A candidatura do Bolsonaro representa uma quebra deste acordo”, criticou o recém-eleito presidente.

Na avaliação de Couto, a votação apertada teve a ver não somente com o ambiente dentro da Comissão de Direitos Humanos, mas também com a correlação de forças na própria Câmara com face às disputas internas e às eleições de 2014. Apesar dessa leitura, o petista não deixou de criticar a posição do presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) que deu parecer favorável à candidatura avulsa de Bolsonaro. “O fato do presidente da Câmara ter deferido o pedido do Bolsonaro aceitando que houvesse uma candidatura avulsa já é estranho”, afirmou.

O ex-presidente da comissão, Marco Feliciano (PSC-SP), procurou Couto antes da sessão de despedida desta tarde para um diálogo com vistas a evitar conflitos durante a transmissão do cargo. “Ele estava um pouco preocupado com as polarizações e pediu para que nessa transição não acirrássemos os ânimos, que não houvesse discursos que viessem a questionar o passado, o que ocorreu em 2013”, contou Couto.