Gays e bissexuais adiam mais o teste de HIV, aponta estudo

Um estudo conjunto do Instituto de Saúde, da Faculdade de Medicina da USP e do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids da Secretaria de Saúde do Estado São Paulo revelou que pessoas homossexuais e bissexuais têm três vezes mais chances de adiar o teste de HIV do que heterossexuais.

Os principais motivos apontados para postergar o diagnóstico foram a falta de oportunidade ou a dificuldade de ter acesso aos serviços (50%); o medo da doença e do preconceito que existe em torno dela (15%); e os problemas organizacionais dos serviços, com limitação de horário, exigência de documentos e lotação (15%).

O estudo foi apresentado nos Congressos e Fóruns de Prevenção em DST, Aids e Hepatites Virais em São Paulo, na semana passada, e analisou entrevistas feitas em 2011 com 938 usuários de três CTA brasileiros (São Paulo, Olinda e Santarém). No total, 20% das pessoas entrevistadas adiaram a decisão de fazer o teste.

Compreender os motivos que levam à postergação do teste poderia reduzir os casos de diagnóstico tardio, responsável por 40% dos óbitos por Aids no Brasil, dizem os pesquisadores. “Os resultados mostram que o medo e a falta de acesso aos serviços fazem com que as pessoas mais atingidas pela epidemia deixem de fazer o teste”, avalia o pesquisador Alexandre Grangeiro, da Faculdade de Medicina da USP.

Para Karina Wolffenbuttel, coordenadora das campanhas ‘Fique Sabendo’ do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, “reduzir barreiras de acesso aos serviços e dirigir ações às populações mais identificadas com o risco de infecção pode promover o diagnóstico oportuno da infecção pelo HIV”.