Conheça quatro mulheres transexuais que arrasam na carreira de professora

A Capa

Ser professor no Brasil não é fácil. Imagine então ser professora e mulher transexual? Pois embora muita gente nem imagine, há centenas de pessoas trans formadas, educando e arrasando na profissão pelo país.

Uma delas é Laysa Carolina Machado, professora de história e também diretora da Escola Estadual Chico Mendes, em São José dos Pinhais, no Paraná. Laysa é a primeira mulher transexual a dirigir uma escola após eleição democrática.

Em São Paulo, Bianca Soares é professora de inglês há 20 anos em quatro escolas públicas e particulares, dentre elas a Escola Estadual Henrique Fernando Gomes Estudante, em Barueri. E Geanne Greggio é professora nos ensinos primário, fundamental e médio em Embu das Artes, São Paulo.

Elas passaram pela transição de gênero após a formação e, durante a inserção no mercado de trabalho, assumiram a mulher que sempre foram. Elas garantem que, apesar da transfobia presente e latente no país, aprenderam a lidar com as adversidades.

“Todo mundo acompanhou o meu processo – amigos, família, colegas, alunos”, diz Bianca. “E eu prendi uma coisa importante. Não me importo se gostam ou não, mas é fundamental me respeitar, assim como eu respeito todo mundo. Respeito e postura são as palavras-chave”, continua.
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Dentre os desafios, Laysa revela que chegou a ser dispensada de uma escola logo após ter se assumido trans. Com muito profissionalismo, ela mostrou tempos depois o quanto eles estavam errados: “Quase nunca o preconceito vem dos alunos. O preconceito se esconde no seio da docência, culturalmente velada, bem elaborada e fatalmente irônica. Para você ter uma ideia, são os alunos que mais me incentivam”, afirma Laysa.

A professora gaúcha Marina Reidel, que assumiu a transexualidade em 2006, é docente há mais de 20 anos e também revela ter sentido preconceito dos colegas. “Senti dificuldade no início com os colegas professores. Comentários como “você é um homem de peito” ou dúvidas sobre sua competência profissional – você tem capacidade para continuar dando aula? – apareceram”, diz ela, que faz parte de uma rede de professores trans com 80 participantes.

Mas profissionalmente não existe nada de diferente de outro professor cisgênero? Geanne frisa que os alunos recebem as suas aulas bem e que o maior problema que enfrenta é o mesmo que qualquer professor: disciplina ou indisciplina. “Minha identidade de gênero não está acima do meu cargo de professora. Sou profissional e não quero ser respeitada só porque sou travesti, transexual, quero ser respeitada porque sou um ser humano, porque sou professora”.

Parabéns pelo Dia do Professor a todos os LGBTs!