Casamentos gays chegam a 7 mil e ganham aceitação na França

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As uniões entre pessoas do mesmo sexo vêm ganhando aceitação em França um ano após a aprovação da lei do casamento gay, que provocou um feroz e acalorado debate no parlamento francês, com uma forte oposição à aprovação da legislação.

Mais de 7 mil casamentos entre pessoas do mesmo sexo foram realizados em 2013 na França, segundo dados recentes do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos. Paris teve o maior número de matrimônios – mais de 1 mil. Mas as cerimônias deste tipo também foram realizadas em pequenas vilas e em grandes cidades em todo o país .

No total, os casamentos homossexuais representavam 3% de todos os casamentos em 2013. Em sua imensa maioria, as uniões gays se deram entre homens de meia idade.

Parlamentar socialista responsável por apresentar a lei na Assembleia Nacional da França, Erwann Binet classificou como “considerável” a mudança em prol da aceitação, acrescentando ainda que o número de casamentos do ano passado ajuda a união gay a ser encarada de forma positiva pelo público francês.

A lei foi vista como uma vitória significativa para o presidente François Hollande, que já havia iniciado seu declínio nas pesquisas de opinião pública. Muitas vezes violentas, as manifestações contra o casamento gay varreram o país, especialmente nas vésperas da legislação entrar em vigor, em maio de 2013. Líderes conservadores, religiosos e opositores do governo esquerdista estavam por trás dos protestos.

“Todas as vezes que houve uma vitória pela igualdade de direitos na França, ela foi alcançada com confrontos”, avalia parlamentar Binet. A França é um dos 15 países do mundo a permitir o casamento homossexual.

Muitos oponentes da lei diziam que estavam dispostos a aceitar a ideia de casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas que não podiam tolerar que os casais homossexuais adotassem crianças, algo que a legislação tornou possível.

Para muitos casais do mesmo sexo que se casaram nos últimos meses, o número de uniões civis gay não foi surpreendente. Para eles, o desejo de casar foi motivado pela garantia de direitos aos casais e aos seus filhos.

Anthony Auvrouin, 37, que se casou no último mês de fevereiro com o parceiro Fabien Peulvey, 33, na cidade de Avranches, no norte da França, considerou os 7 mil casamentos realizados como um número alto, mas dentro do esperado.

“Era algo urgente para nós, especialmente em caso de morte [do parceiro]. Porque o casamento nos dá uma proteção. É um contrato de Estado”, explica Auvroui, citando os direitos de herança e os benefícios conjugais.

“[Casamos] não porque fomos autorizados pela lei, mas porque sabíamos da importância do casamento e do compromisso que ele representava”, argumenta Auvrouin, que gerencia com o marido uma loja de artigos de decoração. “Meus pais choraram quando eu anunciei que ia me casar”, conta ele, fazendo questão de ressaltar que as lágrimas eram de alegria.

Em algumas cidades francesas, prefeitos se mostraram incomodados com a nova lei, pedindo que deputados oficiassem as cerimônias no lugar deles.

Em Fontgombault, uma aldeia no centro da França, o prefeito chegou a se recusar a cumprir a lei, alegando que as “leis da natureza são maiores do que as leis dos homens”. Conflitos deste tipo têm sido julgados pelos tribunais, mas nenhuma decisão ainda foi tomada.