Brasil ganha primeira doutora travesti

A professora cearense Luma Andrade conquistou o título de doutora pela Universidade Federal do Ceará e se tornou a primeira travesti a conquistar o título acadêmico no país. Em entrevista ao portal G1, ela disse que sua carreira acadêmica servirá de exemplo para que outros travestis busquem na educação uma forma de vencer o preconceito.

“Nós vivemos numa posição que a sociedade nos impõe, à margem de tudo. E temos que quebrar esse paradigma e viver no centro da sociedade, a educação é uma das formas que temos para conseguir”, declarou a professora. “As pessoas não acreditam que uma travesti pode conseguir a vida com a educação”, completou.

A tese “Travestis na Escola: Asujeitamento e Resistência à Ordem Normativa” foi avaliada por uma banca composta de cinco professores, na última sexta-feira, 17 de agosto, em Fortaleza. Após três horas, a banca aprovou o trabalho e o indicou para publicação. “A indicação para um livro é ainda mais importante porque mostra que eles consideraram o trabalho de extrema relevância”, contou Luma com o sentimento de missão cumprida.

Filha de agricultores analfabetos, Luma nasceu João Filho Nogueira de Andrade na cidade de Morada Nova, a 163 quilômetros de Fortaleza. Em 2010, no Dia Internacional da Mulher conquistou o direito de mudar os documentos sem a operação de readequação de sexo. Aos 18 anos, passou no vestibular para o curso de Ciências da Universidade Estadual do Ceará (Ceará). Em 1998, foi aprovada no concurso para professor efetivo da rede municipal de Morada Nova e depois obteve o título de mestre em Desenvolvimento do Meio Ambiente em Mossoró, no Rio Grande do Norte. A travesti pretende agora seguir carreira política e preparar-se para o pós-doutorado.