Quero ser a primeira militante LGBT eleita no Paraná, diz Margot

Em entrevista exclusiva ao Maringay, a militante LGBT e feminista Margot Jung, falou sobre sua pré-candiatura a deputada estadual. “Sou a certeza do novo, não apenas porque nunca estive em cargos eletivos, mas sou a certeza do novo porque, nunca na história do Paraná, houve uma representante LGBT na Assembleia”, disse.

Margot faz parte da Associação Maringaense LGBT e participou da organização das ultimas Semanas de Combate à LGBTfobia, Parada LGBT, Conferência LGBT, além de dar palestra sobre LGBTfobia nas escolas da região de Maringá e coordenar o grupo de mães e pais de LGBT na cidade. Leia a íntegra da entrevista:

Quando entrou na vida política e como aconteceu?

Desde muito cedo me interesso por política. Sempre gostei de ler biografias de vultos importantes da política nacional e internacional. Isso despertou em mim uma vontade de enveredar por esse mundo. Muitas vezes minha militância esteve mais voltada à Universidade Estadual de Maringá, mas essa já não me satisfazia mais. Então, comecei a militar no movimento feminista, no movimento sindical e por fim, no movimento LGBTI. Aconteceu muito naturalmente. Não se calar diante das injustiças é o primeiro passo para uma vida política.

Por que você quer ser deputada estadual?

Quero ser deputada estadual porque acredito que tenho projetos que trarão melhoria para as vidas de muitas pessoas, principalmente as pessoas LGBT. A medida que o fascismo avança sobre os direitos de todas as pessoas, as LGBT são as mais vulneráveis, pois estão sempre correndo risco de terem seus direitos e suas liberdades individuais ceifados. As mulheres do Paraná ainda não têm Secretaria de Políticas para as Mulheres, nem todas as cidades têm delegacia e nem Secretaria da Mulher. Essas lutas que precisamos fazer e que estão esquecidas pelo legislativo.

Quais bandeiras você pretende defender na Assembleia Legislativa do Paraná?

Existem muitas lutas a serem feitas, mas desde muito cedo milito nos movimentos feminista e LGBT, meus principais segmentos de luta. Mas não estou alheia aos demais segmentos. Quero atuar, principalmente nestas frentes, mas sem esquecer que no movimento LGBT e no movimento feminista temos os marcadores interseccionais que precisam ser pautados na Assembleia. Precisamos fazer políticas para mulheres que também atendam as mulheres negras, mulheres de diferentes etnias, de religiões de matriz africana, de outras religiões cristãs e não cristãs; mulheres do campo, da cidade, das águas e das matas; lésbicas, bissexuais e transexuais. Se focarmos nossa luta para apenas um segmento, essa luta nunca estará completa.

Você se sente preparada para o cargo?

Eu me considero preparada, porque estou sempre focada nos direitos humanos e em políticas públicas de qualidade que atendam a população. Como servidora pública, conheço a realidade do serviço público paranaense e sempre lutarei contra o desmonte desse serviço, contra a privatização e a terceirização e defenderei a classe trabalhadora, defenderei salários dignos e reajustes que garantam qualidade de vida para os trabalhadores e as trabalhadoras do serviço público paranaense.

Qual a importância de uma representante LGBT no legislativo?

Ter uma representante LGBT no legislativo é a garantia de que teremos uma voz na Assembleia que não se calará e que clamará por direitos e dignidade para as pessoas LGBT. Muitas lutas são importantes e sem representatividade essas lutas ficam relegadas ao segundo, terceiro, último plano. Isso é facilmente perceptível quando pesquisamos quais projetos de lei que atendem esse segmento da sociedade. Precisamos de representatividade para garantirmos a construção das nossas pautas.

Como avalia suas chances de se eleger?

Eu acredito que a arma mais poderosa que o povo tem é seu poder de decisão nas urnas. Então, minhas chances de ser eleita é decisão do povo paranaense. Creio que a população está com muita disposição para a mudança. Há uma disposição bastante evidente de se renovarem os quadros do legislativo. Sou a certeza do novo, não apenas porque nunca estive em cargos eletivos, mas sou a certeza do novo porque nunca, na história do Paraná, houve uma representante LGBT na Assembleia.