Novas normas permitem que casais gays tenham filhos por inseminação

Casais homoafetivos comemoraram nesta semana o anúncio do Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre as alterações nas normas para prática de inseminação artificial no Brasil. Uma delas deixa claro que casais de pessoas do mesmo sexo podem gerar filhos por meio do procedimento médico. Outra nova regra amplia o grau de parentesco para doar a barriga que irá gerar o feto, antes apenas mãe e irmã eram autorizadas pelo Conselho. Com a mudança, tias e primas também podem engravidar por meio do método de inseminação artificial.

O Mix conversou com o especialista em inseminação artificial Aléssio Calil, ginecologista da Clinica Genesis, em São Paulo, para saber o que muda no processo clínico após esta mudança nas regras efetuada pelo Conselho – e como fica mais fácil para casais homoafetivos terem filhos.

O que muda para os casais do mesmo sexo no processo de inseminação artificial com a nova regulamentação?

Antes da nova regulamentação, apenas irmã ou mãe poderiam gerar um embrião. Agora tia e prima entram no processo. É importante ressaltar que o óvulo ou o sêmen precisam ser anônimos.

No caso de um casal de mulheres, a geração de um filho é mais fácil, já que o esperma será anônimo e uma delas pode ser a barriga que irá desenvolver o feto. E no caso de casais masculinos, como funciona?

É mais fácil no caso de casais de duas mulheres. No caso dos casais masculinos, existe a possibilidade da mãe, irmã, tia ou prima gerarem o embrião. No caso da impossibilidade disso acontecer, ou seja, as mulheres terem mais de 50 anos ou alguma restrição patológica, pode ser enviado um ofício ao Conselho Federal de Medicina e ao Conselho Regional de Medicina pedindo a autorização para que uma barriga sem parentesco possa gerar o feto. A resposta demora cerca de um mês e geralmente os Conselhos têm autorizado de forma muito positiva. Após a aprovação é só começar o tratamento.

Com funciona a preparação psicológica destes casais que desejam ter filhos?

O grande problema é justamente a preparação do casal do ponto de vista psicológico. É importante passar por uma avaliação médica. No nosso centro de reprodução, dentro do pacote comprado pelo casal existem três consultas com psicólogo. Também é possível contratar este profissional para acompanhar a gestação da mulher. Por exemplo: é mais fácil o processo psicológico de uma mulher quando ela já é mãe do que aquela mulher que ficará grávida pela primeira vez, isso porque ela pode já ter o desejo de ser mãe com algum homem, então engravida, realiza o desejo e passa o filho para um terceiro, isso pode causar em alguns casos uma frustração entre as famílias.

Quanto tempo dura todo o processo, desde a primeira consulta?

É bastante rápido, depois que todos os exames estão prontos, o estímulo é feito na mulher, em 15 dias o embrião é transferido. Em média dura de dois a três meses até ela engravidar.

Quanto custa?

O valor é bastante variável, mas cerca de 30 a 40 mil reais entre o tratamento, exames necessários, pré-natal e o parto. Infelizmente, no Brasil, ainda é muito caro realizar este desejo de construir uma família. E se a pessoa não tem este dinheiro disponível ela vai ter que recorrer para o procedimento público, que tem fila, é demorado e burocrático.

Você já atendeu casais homoafetivos com o desejo de construir uma família, você acredita que os casais do mesmo sexo estão preparados para ter filhos?

O preparo vem do próprio ser humano. Ser hétero ou homossexual não altera isso. Cada um tem seu estilo próprio, sua própria personalidade e precisa ser responsável pelo que tem e pelo que deseja na vida. Colocar um filho na vida é uma responsabilidade igual para todos.