Com Wagner Moura, Praia do Futuro é explosão de tapas na capa do espectador

MIX Brasil

Na trama “Praia do Futuro”, dirigida pelo franco-brasileiro Karim Aïnouz, o ator Wagner Moura interpreta o salva-vidas Donato, que trabalha na Praia do Futuro, em Fortaleza, no Ceará. Durante um resgate, ele consegue salvar apenas um de duas vítimas de afogamento. O sobrevivente é Konrad, interpretado por Clemens Schick, que muda por completo a vida de Donato. O filme também conta com a participação do queridinho do cinema brasileiro Jesuíta Barbosa encarnando Ayrton, irmão de Donato, que parte para Berlim em busca do irmão.

O Mix marcou presença em uma sessão exclusiva do filme na última quarta-feira, 16 de abril, em São Paulo. O que esperar da produção? Apenas por citar Karim e Moura já é possível economizar em adjetivos pomposos. Em resumo, “Praia do Futuro” é como a mão precisa de um cirurgião com seu bisturi que vai direto ao ponto, sem rodeios, o que pode levar o espectador comum a um banho de realidade e choque. Um filme simples sem deixar de ser complexo.

Na última década, o cinema com temática gay está apontando algumas mudanças sociais e também estéticas na arte de fazer cinema no Brasil. Ao começar pelo fora de seu tempo “Do Começo Ao Fim”, dirigido por Aluízio Abranches, que provavelmente o espectador brasileiro só vai entender daqui a algumas décadas. Saltando para 2014, o cinema nacional tem duas pérolas, começando por “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de Daniel Ribeiro, que trouxe o Teddy, principal prêmio de cinema com temática LGBT, ao Brasil, e o filme de Karim, que estreia dia 15 de maio. Neste último, já é possível ver algumas mudanças bastante claras como a classificação indicativa de 14 anos de idade, mesmo com cenas fortes de sexo protagonizadas por Wagner Moura e Clemens Schick.

Outro apontamento importante está na quantidade de apoiadores e patrocinadores de “Praia do Futuro”. A produção mista entre Brasil e Alemanha tem empresas tradicionais de peso dos dois países apoiando um filme abertamente gay.

O pulo do gato
Há quem irá ao cinema ver Wagner Moura (para alguns, o eterno Capitão Nascimento de “Tropa de Elite”), há quem irá ao cinema para ver a direção de Karin Aïnouz (que tem no currículo “Madame Satã”, “Abril Desperdiçado”, “Cidade Baixa” e “Céu de Suely”), há quem irá ao cinema para ver um filme gay e há o espectador comum. Em qualquer que seja o caso, haverá uma explosão de reflexões em torno do filme, provavelmente, este seja o pulo do gato desta produção.

Wagner Moura se desafia e afirma seu talento em “Praia do Futuro”, quase que em uma mensagem subliminar ao espectador de que ele não é apenas o cara do jargão “pede pra sair”. Suas multifaces saltam aos olhos de quem assiste. Quem irá ao cinema por Karim, poderá perceber suas marcas de estilo e a busca pelo real dentro de uma narrativa de ficção, nenhum enquadramento é gratuito em “Praia do Futuro”.

Um filme gay? Sim, declaradamente gay e por este motivo poderá colocar alguns desavisados contra a parede. Há um primeiro momento de introversão pelas cenas sinceras de sexo, mas depois é possível perceber que o longa é apenas uma realidade escondida por uma dura sociedade conservadora e fundamentalista.